quinta-feira, 16 de abril de 2015

...do Tempo da...!

Sou de um tempo de poetas mortos, de cantores que recitavam poemas das coisas feitas pelo coração, de filmes onde o idiota era a melhor pessoa da história, e detalhe, seu nome era impronunciável: Forrest Gump. Sou de um tempo que videogame era passatempo e bolas e quadras uma vida, de um tempo de séries de TV sobre homens de 6 milhões de dólares, que andavam em câmera lenta. Sou do tempo de poucas igrejas, católicas ou protestantes, e de quase inexistência de ateus. Do tempo dos grandes filósofos, alguns do futebol outros da literatura...Ah, saudades do Telê Santana e Jorge Amado. Sou do tempo que Guerra nas Estrelas era apenas um filme e Regina Duarte era a eterna namoradinha do Brasil. Do tempo da família, do Pai e da Mãe e também dos avós. Do tempo da sessão da tarde e de Jerry Lewis, do Ultra-seven e da Formiga Atômica. Mas infelizmente perdi no passado, meu "tempo", escondido por programas de auditório sensacionalistas e  novelas tendenciosas. Não vejo mais novelas, não encontro mais Roques Santeiros, nem mesmo Sinhozinhos, apenas nomes americanos que não identifico e situações que não vivo. Não escuto mais rádios, não escuto mais disco nem CD's, perdi meus Pink Floyds e meus discos de vinis. Perdi o trem das onze e a garoazinha paulista não cai mais, derrama dilúvios ou secas. Não assisto mais Charlton Heston, nem os Dez Mandamentos, pois me assusta a incompreensão social e ideológica do novo Êxodo cinematográfico perante a sociedade, que não se rebela e nem assume responsabilidades. Sou um homem ultrapassado, como Nietzsche, Dante, Beethoven ou Kurosawa. Estou morto numa sociedade que outrora idolatrou a sociedade dos poetas mortos. Poetas? O quê é isso? Como Vargas morro, mas não para entrar para a história, mas para sair dela, pois quero distância de qualquer sociedade que não saiba quem foi Cassius Clay ou Johnny Rivers.  

(Professor Samir Lahoud leciona História e Filosofia, e ainda acredita na humanidade...Ainda).

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